Combalida República Brasileira
Já faz um bom tempo, tive oportunidade de assistir algumas palestras proferidas por renomados cientistas políticos nas quais vi a exaltação da nossa democracia, do nosso sistema representativo de “poder que emana do povo e em seu nome é exercido” e, principalmente, da “maravilhosa oportunidade de mobilidade social ,” face a uma pirâmide a cuja ascensão todos teriam direito de acordo com a capacidade de fazer bom uso da sua liberdade de escolhas.
O discurso era politicamente correto quando pressupunha: Governos que se preocupariam com o “bem comum”; Projetos de Estado e Projetos de Governo bem distintos, em que os primeiros perseguiriam Objetivos Nacionais Permanentes e os seguintes atenderiam a Objetivos Nacionais Atuais, tudo em conformidade com o slogan da nossa bandeira : Ordem e Progresso. Para tanto exaltava-se a necessária Independências dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, todos atuando em perfeita harmonia.
Não! Eu acho que cochilei durante as palestras e sonhei com toda essa fantasia.
Como podemos manter aquelas esperanças, se os eleitos deixam de nos representar para representarem os interesses de empresas que por sua vez promovem o enriquecimento ilícito dos nossos representantes?
Será que algum eleitor desses governos teve uma ascensão social semelhante ou ao menos parecida com a dos Grupos de Empresas ajudadas pelo BNDS (Banco Nacional do Desenvolvimento Social)? O nome já é uma piada.
E a independência dos Três Poderes, onde está? O Legislativo negocia pleiteando acesso aos cargos do Executivo (em troca de apoio a seja lá o que for; e que se lixe o interesse do povo que os elegeu). Os Ministros da Suprema Corte são indicados, aprovados e nomeados num conchavo entre Legislativo e Executivo, justamente os que por eles eventualmente serão julgados. E o Executivo interfere na escolha dos Presidentes das duas Casas Legislativas (tudo no balcão de negócios desta combalida República).
Aqui do alto dos meus setenta e oito anos, confesso que nunca imaginei que toda essa cambada que nos governa se arvorasse no direito de ser Sócia dos negócios da República, a ponto de negar a plena satisfação das necessidades básicas da população para se apropriarem de cifras inimagináveis do dinheiro recolhido em impostos pelos cidadão comuns.
E a que ponto chegamos? O Executivo não governa, o Legislativo não vota e o Judiciário se vê acuado entre as pressões dos criminalizados e o dever de por ordem nessa bagunça.
Para nós, povo brasileiro, a questão maior agora não é quem vai ou quem não vai para a cadeia; a questão maior (ideologias a parte) é como será varrida toda essa sujeira e quem recolocará o Brasil no caminho da prosperidade.