Uma frase tão curta, com a força explosiva de um átomo em processo de fissão. Os consagrados números 3 e 7 por si só já lhe emprestam uma auréola de significativo mistério: Três palavras e sete letras.

Mas, como foi possível que eu convivesse por mais de meio século com pai e mãe sem lhes dizer e sem deles ouvir essa tão bela e significativa expressão?

Que estranhos seres humanos dos anos 20-30-40!

Ela(que hoje completaria 105 anos) expressava o amor pelos cuidados, pelas recomendações nas saídas dos filhos, pelas noites mal dormidas à espera do retorno, nos abraços da chegada e pelas lágrimas de saudade… Então era mais amor sofrido do que festejado; nunca verbalizado.

Ele, o pai protetor, provedor patriarcal, expressava menos e também ao seu modo: Um agrado no retorno das viagens, a confecção artesanal de um brinquedo ou um gesto de aprovação às miniaturas de adultos enquanto crianças. Depois, a relação “Adulto x Adulto” seguia aqueles velhos padrões de que “sentimento era sinal de fraqueza”. Então, nunca nos dissemos “eu te amo”, mesmo amando.

Foi numa daquelas cartinhas que os filhos escrevem na escola para homenagear o pai, que a atômica energia da frase explodiu na minha mão:

Tratamento de choque! Quando no final da cartinha o meu filho Edson grafou “ Eu te amo”, me dei conta de que estávamos, até aquele momento, a repetir o equivocado modelo ultrapassado.

Desde então, a frase do dia é “eu te amo”. E nas minhas orações sempre desejo que a frase mágica os alcance onde estejam.