Quebra-Quilo
(O problema não são os nordestinos,
mas o descaso dos governos para com o Nordeste)
As razões da revolta denominada Quebra – Quilos, ocorrida na Região Nordeste entre 1872 e 1877, também repousam, em parte, no pressuposto do analfabetismo e da falta de conhecimento para fazerem a conversão das medidas para o sistema métrico francês, adotado por Decreto imperial.
Até então, predominavam as antigas medidas lineares em palmos, jardas, polegadas, côvados, braças, léguas e os pesos das mercadorias eram calculados em arrobas e libras.
Desconhecendo tabelas de conversão e as operações aritméticas para estabelecer a relação entre aquelas medidas e as do novo sistema, a população sentia-se lesada na comercialização de produtos.
Outras motivações foram a criação de impostos e obrigação de adquirir instrumentos de pesos e medidas, onerando o preço dos produtos. , além do Sistema de Convocação Militar com privilégios para as elites.
A luta contra o novo sistema se estendeu a muitos outros municípios, e acabou envolvendo também os estados de Piauí, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Alagoas. A revolta teve início em Ingá, Pb. Conta-se que em Campina Grande, num dia de feira, eles quebraram as medidas oferecidas pelo governo municipal e atiraram os pesos no açude Bodocongó.
O Governo enfrentou os revoltosos, implantou o sistema métrico decimal, mas a resistência cultural manteve o antigo sistema que perdura até hoje em vários lugares, sendo ainda aplicado no comércio de madeiras, ferramentas e serviços afins.

“Alteração do sistema
De medir e de pesar;
Vara,jarda,libra,quarta,
Tudo isso ia mudar,
Metro,litro,quilograma,
Pros matutos era trama,
Forma fácil de roubar”
(Alves 1984 pag. 139)
Fugindo de perseguições pela participação na revolta, Sr. Manuel Paulo Grande estabeleceu-se no município do Ingá, nas serras íngremes de Pedra D’água – lugar que recebeu este nome devido a grande quantidade de água salgada que jorra das pedras onde se furar. Ali ele permaneceu dando origem a uma comunidade que conta hoje com mais de 100 famílias originadas do mesmo tronco, reconhecida como Comunidade Quilombola Pedra D’água. Também conhecida como Pedra D’água dos Negros, o lugar passou mais de 100 anos sem que por lá aparecesse nenhuma pessoa de cor branca. O reconhecimento da comunidade e regularização das terras só veio a ocorrer a partir de 2009.
Referências:
Uma História do Ingá – Série Materiais Didáticos
Maria Helena Pereira Cavalcanti > Regina Célia Gonçalves >
Rossana de Souza Sorrentino > Vilma de Lourdes Barbosa de Souza
Wikipédia – MACÊDO, M. K. de (1998)- (Interpretações pessoais >)